Cuidados e desafios na coleta do sangue de cordão umbilical

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Quando um casal decide criopreservar (nome científico do processo de congelamento) as células-tronco do sangue de cordão umbilical de seu bebê, muitas vezes, não imagina o que envolve esse procedimento. No Criobanco, há duas maneiras de realizar a coleta: pela equipe de enfermagem ou pelo próprio obstetra – novidade que vem sendo implementada para atender casais que moram em cidades onde não há enfermeiros treinados.

Mas, independente se feita pelo obstetra ou por enfermeiros, o procedimento é o mesmo. A coordenadora do serviço de Coleta do Sangue de Cordão Umbilical do Criobanco, Juliana Maciel, é a responsável por manter uma equipe treinada e apta a realizar a coleta em qualquer parte do Brasil. É ela também quem ministra os treinamentos teóricos e práticos aos novos membros da equipe.

A coordenadora ainda é a responsável por realizar o acompanhamento gestacional. “Assim que chega a notificação de que um novo contrato foi fechado, eu passo a acompanhar essa gestante para saber como ela está, quais as características da gestação, se os exames estão em dia, se há alguma observação e passo todos os telefones que disponibilizamos, por exemplo, para o caso de um parto de emergência. Pode acontecer, e estamos preparados, só temos que ser informados”, explica.

A coleta

Quando o parto é marcado e a coleta não for realizada pelo médico obstetra da gestante, Juliana é a responsável por designar o enfermeiro que fará a coleta. Este profissional designado para realizar o procedimento chega à maternidade antes mesmo da grávida, para acompanhá-la ao longo do trabalho de parto. No centro cirúrgico, são coletados 20ml de sangue da mãe para exames que são realizados pelo Criobanco.

A coleta das células-tronco é indolor tanto para a mãe quanto para o bebê, que já está separado do cordão umbilical quando ela é realizada, e não representa qualquer risco. O tipo de parto escolhido pela mãe também não interfere no processo. Quando o bebê nasce, seja de parto normal, seja de cesárea, o cordão é pinçado e cortado. Quando o neném já está aos cuidados do pediatra, a pessoa responsável pela coleta faz a desinfecção do local escolhido para fazer a punção no cordão umbilical, com a placenta ainda dentro do útero, o que ajuda no processo e aumenta o volume de sangue coletado.

“É um procedimento delicado porque temos pouco tempo. A punção é realizada e o sangue é drenado para a bolsa por gravidade. Isso dura de dois a quatro minutos. O sangue coagula muito rápido, por isso, é importante que a bolsa seja suavemente agitada, o que a gente chama de homogeneização. É preciso coletar o máximo de sangue possível, isso aumenta as chances de sucesso de uma coleta, que, pelas regras da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), tem que resultar em pelo menos 500 milhões de células nucleadas”, explica Juliana.

Quando a coleta termina, a bolsa com o material é guardada dentro de um recipiente próprio, com temperatura monitorada, que vai, de qualquer lugar do Brasil, direto para o Criobanco, onde será recebido, conferido, registrado no sistema e encaminhado ao laboratório de processamento do sangue para separação das células-tronco que serão criopreservadas.

A Anvisa regulamenta um prazo de até 48h para realizar o processo de criopreservação, mas o Criobanco trabalha com um prazo máximo de 36h, visando a garantir o maior índice possível de recuperação celular pós-processamento.

“Acho muito rico esse trabalho, eu comecei fazendo coletas. Passei por casos que me marcaram bastante, como um bebê que nasceu prematuro, com 31 semanas, ele pesava 500 gramas. A mãe estava muito ansiosa, foi um desafio muito grande pra mim, mas a coleta deu certo. Eu tenho muito contato com os pais, principalmente com as mães, é claro que nenhum deles quer que esse material seja usado um dia, mas se for preciso, nós trabalhamos para que essas células estejam disponíveis, onde e quando forem necessárias”, completa.

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