“Não sei explicar de onde tirei forças para vencer”

História de Vida - Carlos Alberto
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História de Vida - Carlos Alberto“Tudo começou em julho de 2010, quando senti dor aguda na região pélvica. Era algo tão intenso que eu mal conseguia me manter de pé. No dia seguinte procurei alguns colegas e um deles, um urologista, suspeitou de uma inflamação de próstata (prostatite) e solicitou uma tomografia. O exame apontou que, de fato, eu estava com a próstata aumentada e com muitos gânglios na região pélvica.

Logo fui encaminhado a outros exames, mais detalhados, que comprovaram que os gânglios se concentravam apenas naquela região, o que era algo muito positivo para um câncer. Realizada a biópsia, como sou médico, eu mesmo levei o material coletado para o laboratório. Peguei o laudo do exame dias depois, que apontou células típicas de Linfoma Não Hodking, de característica mais agressiva. Ao sair do laboratório, fiquei cerca de 15 minutos refletindo sobre o resultado, analisando o que estava sentindo. Em nenhum momento da minha vida havia pensado que em uma situação como essa eu pudesse conseguir ter coragem e força interior. Fuga do lamento, da indignação, do desespero, do medo? Não sei explicar de onde veio essa energia, essa força.

Desviei minha atenção para a família, em como iria abordá-los e dar as informações da gravidade da doença e da expectativa. Eu tinha que demonstrar estar consciente da situação, não conformado, mas aceitando o diagnóstico sem pânico, indignação ou desespero. Decidi parecer otimista, mesmo sem estar, assim poderiam aceitar da melhor forma possível para que eles não adoecessem junto comigo. Quando contei, reforcei que se tratava de uma doença muito séria, que eu tinha poucas chances de cura, mas que precisávamos lutar juntos. Isso foi de extrema importância para conviver e me adequar e superar as situações que viriam. E de repente não havia mais o medo de morrer. Não era mais assustador. Era como eu estivesse me preparado para isso durante toda a minha vida.

Na época, Dr. Edgard me deixou à vontade para fazer avaliação em São Paulo e me indicou um amigo especialista no Hospital Albert Einstein. Cheguei a agendar as passagens, mas não embarquei, pois tive uma nova crise de dor na véspera e precisei ser internado.Comecei o tratamento pelo processo de quimioterapia – que eu reagi muito bem – e depois passei para a radioterapia. Após um tempo, ao receber alta e retomar a minha rotina, marquei uma consulta com o Dr. Edgard para fazer uma avaliação do meu quadro, que me liberou com as recomendações de rotina.

Exatos 27 dias separaram o dia da minha alta do dia da nova internação. Foi quando Dr. Edgard deu início ao meu novo tratamento no Hospital Santa Rita de Cássia com uma “hiperquimioterapia” para destruir todas as células cancerígenas e me preparar para o transplante de medula óssea, realizado em 28 de julho de 2011.

A preparação para o transplante é bastante difícil. Precisei ficar isolado durante um mês em um apartamento do hospital, não recebendo visitas. Apenas os profissionais entravam, e também minha esposa e meu irmão, que se revezavam, sempre utilizando os paramentos para evitar contaminação. Já os efeitos pós-transplante são piores: durante o período de “pega” das células-tronco e o após o transplante as unhas caem para dar lugar a novas, a pele descama e há ainda a mucosite (inflamação das mucosas), que incomoda muito. São efeitos esperados, mas passar por tudo isso é muito sofrido.

Quase cinco anos depois, posso dizer que estou curado. Sei que a doença pode voltar, mas não penso nisso. Para quem me pergunta sobre como é receber a notícia de que se está doente, digo que, mesmo com o impacto, não podemos nos desesperar. Não sei explicar de onde tirei forças para vencer o medo de morrer, só sei que, mesmo com poucas expectativas, não desanimei. Simplesmente aceitei e fui otimista. Vale dizer que aceitar uma doença não significa que você está se entregando e sim que você está preparado para lutar. Manter o humor, acreditar, ter fé e o apoio familiar é fundamental.

Não tenho palavras para definir o tratamento que recebi da equipe do Criobanco. Fui muito bem cuidado por todos, equipe de enfermagem e a equipe médica, desde as transfusões de sangue à coleta de células tronco feita através da uma máquina que seleciona essas células tronco, um procedimento sofrido devido ao tempo do processo, cerca de quatro horas sem poder se movimentar muito. O apoio, a presença e a segurança passada por toda a equipe do Criobanco e pelo Dr. Edgard foram extremamente importantes para o meu tratamento. Hoje levo minha vida pessoal e profissional normalmente”.

Carlos Alberto Carvalho Pontes é médico especialista em Clínica Geral e Medicina do Trabalho e tem 67 anos. Está curado de um Linfoma não Hodgkin. Ele é paciente do Criobanco, onde passou pelo serviço de diagnóstico e transplante autólogo de células-tronco.

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