A chegada de um novo integrante na família muda completamente a rotina da casa. E, entre as muitas transformações, uma que é bastante sentida por pais e mães – principalmente os de primeira viagem – é em relação ao sono. Isso porque, a partir de agora, eles precisarão acompanhar o ritmo do sono do bebê, que é, a princípio, bastante diferente do que estamos habituados.

Comparado às outras idades, o ciclo do sono dos bebês recém-nascidos são regulados, basicamente, por dois pontos principais: pela fome e pela saciedade, e não pela alternância do claro e do escuro, como acontece com os adultos. Por isso, não há como determinar a duração de cada sono e nem quantas vezes ele despertará. Nesse período, o ciclo do sono é instável e vai variar de criança para criança.

Apesar disso, segundo a pediatra do ambulatório de pediatria do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), Dra. Marlene Roque, é preciso que os pais se atentem para o espaçamento entre as mamadas.

“Habitualmente, o bebê acorda porque tem fome ou porque a fralda está suja. Além disso, o despertar pode variar de acordo com a alimentação: a criança que mama no peito pode acordar a cada 2 ou 3 horas para mamar, enquanto o bebê que recebe alimento por mamadeira pode ter outra demanda. Independentemente disso, o mais importante é que os pais não deixem ultrapassar o período de 3 horas para a alimentação”, explica.

Vale ressaltar que, ao contrário do que muitas pessoas acreditam, o leite de fórmulas/em pó não sustenta o bebê por mais tempo. Ele faz com que ele durma mais por promover uma digestão mais lenta, fazendo com que a criança sinta fome mais espaçadamente e, consequentemente, diminuindo os despertares.

Outro fator que pode influenciar a qualidade do sono da criança é o ambiente. Segundo Marlene, além de despertar por conta das demandas fisiológicas de alimentação e incômodo pela fralda suja, o bebê pode ter um sono instável se o ambiente não proporcionar calma e tranquilidade. Por isso, é fundamental que os pais preparem o espaço, com pouco barulho e luminosidade.

Mais tempo dormindo do que acordado

A princípio, muitos pais podem se assustar com a quantidade de horas que o bebê recém-nascido passa dormindo. Mas, é normal que o período de sono da criança nessa fase seja bastante superior ao tempo em que está acordada. “O sono do bebê costuma ser calmo e tranquilo nos primeiros dias, com duração de aproximadamente 16 a 17 horas diárias, o que representa dois terços do dia”, explica a pediatra.

Primeiro trimestre

Com o passar do tempo, o ciclo de sono da criança vai sofrendo alterações, de acordo com seu desenvolvimento e transformações em suas necessidades fisiológicas. Essas mudanças já podem ser sentidas pelos pais a partir do primeiro mês e meio de idade. Nessa fase, o bebê já começa a dormir um pouco mais e a relacionar os ciclos de luz e escuridão.

“Já a partir dos três meses de vida, para a alegria dos pais – que muitas vezes não conseguem se acostumar com o ritmo do pequeno -, o bebê também dorme mais à noite, com ciclos que podem ser maiores do que cinco horas seguidas”, explica Marlene. É importante ressaltar que é essencial que a criança durma bem, ou seja, tenha uma boa qualidade do sono. Isso porque o sono é fundamental para o bom desenvolvimento infantil, já que diversos hormônios, incluindo o do crescimento, são liberados enquanto se dorme.

Segundo trimestre

A partir do terceiro mês de vida, a maioria dos bebês começa a dormir mais de 15 horas por dia, divididas da seguinte forma: aproximadamente 10 horas à noite e as outras cinco ao longo do dia, com pequenas sonecas. Apesar disso, pode ser que, nessa fase, a mãe ainda tenha que acordar de vez em quando de madrugada para amamentar o pequeno.

Um ponto que pode ajudar a regularizar o sono do bebê é desenvolver um ritual para a hora de dormir. O ideal é realizar uma sequência de ações todos os dias, se possível, e sempre no mesmo horário, como banho, troca de roupa, brincadeiras e cantigas de ninar.

Terceiro trimestre

Ao completar sete meses, a criança já estará fisiologicamente preparada para dormir até sete horas por noite, sem interrupções. É claro que isso pode variar entre as crianças. Além disso, os bebês dessa faixa etária precisam de aproximadamente 14 horas de sono por dia, ou seja, o pequeno precisará de pequenas sonecas durante o dia. Uma dica para os pais ajudarem na qualidade do sono do bebê é manter horários regulares, tanto para as sonecas do dia, quanto para o horário de levá-lo para a cama à noite.

Quarto trimestre

Com o crescimento do bebê, sua fisiologia também vai se desenvolvendo e fazendo com que o tempo de sono noturno da criança aumente e o número de sonecas diárias diminua a cada trimestre. Entre o nono e o décimo segundo mês, eles já costumam dormir entre 10 e 12 horas por noite, e, muitas vezes, sem interrupções. Já a quantidade de sonecas ao longo do dia podem ser reduzidas a duas.

Depois do primeiro ano

Com um ano de idade, a criança ainda precisará de uma média de 14 horas de sono por dia, sendo aproximadamente 11 delas durante a noite e o restante dividido entre duas sonecas durante o dia. Com o seu desenvolvimento, a partir dos 18 meses, ele estará fisiologicamente preparado para dormir apenas uma vez de dia. Essa transição – de duas sonecas para uma – pode ser difícil para a criança inicialmente, mas os pais podem ajudar proporcionando uma boa noite de sono e regularizando o horário da soneca, por exemplo, sempre após o almoço e com duração entre 1 e 2 horas.