Armazenamento do sangue de cordão umbilical: banco público ou privado?

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Um recente artigo publicado na renomada revista científica Nature, de autoria de Joanne Kurtzberg, traz luz sobre o panorama geral dos bancos de células-tronco de sangue de cordão umbilical em todo o mundo, focando não só os tratamentos atuais e em perspectivas, mas também questões éticas, normativas e tecnológicas.

Apresentamos abaixo um resumo traduzido desse trabalho, pois trata-se de indispensável leitura não só para os casais que se deparam com a decisão sobre criopreservar ou não, mas também para os profissionais que de maneira direta ou indireta estão envolvidos com esse processo.

Joanne Kurtzberg é uma das precursoras na utilização de células-tronco de sangue de cordão umbilical em transplantes de medula em crianças  e é uma das  mais renomadas pesquisadoras da área em todo o mundo. Atualmente atual no departamento de pediatria da Universidade deDuke, onde desenvolve estudos para aplicação dessas células na medicina regenerativa.

Boa leitura e ficamos à disposição para todos os esclarecimentos.

Bone Marrow Transplant. 2015 Jun 1

O sangue do cordão umbilical (SCU) pode ser utilizado no transplante de células hematopoiéticas em  pacientes com doenças genéticas ou malignas que não encontram doadores HLA compatíveis na família ou em voluntários adultos. O armazenamento e o transplante de SCU cresceram drasticamente nos últimos 25 anos bem como as tecnologias empregadas na coleta, processamento e criopreservação em bancos públicos e privados. Entretanto,  bancos privados não são obrigados a cumprir os mesmos requisitos regulatórios aplicados nos bancos públicos. Grandes esforços vêm sendo empregados para uniformizar os procedimentos adotados em ambos os bancos.

Os bancos SCU públicos começaram a ser estabelecidos no início dos ano 90 e, atualmente armazenam mais de 730 000 unidades. Hoje, as mães possuem opção de doar o sangue do cordão umbilical para bancos públicos ou particulares. Nos bancos públicos, nem todos as unidades doadas são usadas para o transplante. No entanto, caso uma unidade de sangue do cordão umbilical seja selecionada para o uso em um paciente, não existe nenhum contrato entre o doador e o receptor. Já os bancos de cordão umbilical particular as unidades armazenadas são para o uso autólogo (no próprio paciente) ou em  outro familiar e, usualmente cobram uma taxa de coleta e armazenamento inicial e anuidades subsequentes. Os bancos híbridos, nos quais as doações podem ser direcionadas para uso público caso não sejam necessárias para uma família particular têm emergido como uma alternativa para o armazenamento de SCU. A Academia Americana de Pediatria e a Associação Americana de Obstetrícia e Ginecologia recomendam a doação pública ao menos que exista recomendação médica para o transplante autólogo de SCU ou em parentes na família do doador.

Os bancos de SCU privados são atrativos, pois possibilitam o transplante de sangue do cordão umbilical em crianças com hemoglobinopatias e doenças metabólicas hereditárias bem como em lesões cerebrais causadas pela hemorragia intravenosa, encefalopatia hipóxica isquêmica e prematuridade. Já o transplante de sangue do cordão umbilical autólogo e alogênico pode ser empregado em imunodeficiências congênitas, síndromes congênitas no desenvolvimento da medula.

Além disso, as células do sangue do cordão umbilical, comparadas com as células da medula de um adulto, são mais imaturas e, apresentam maior potencial proliferativo além de efeitos pró-neurogênicos, pró-angiogênicos e anti-inflamatórios. Assim, o uso de células do cordão umbilical como terapia na medicina regenerativa mostra-se um campo promissor com aplicabilidade na redução do dano causado pelo acidente vascular cerebral bem como em pacientes com lesão crônica na medula espinhal. Infusões de células do cordão umbilical também apresentam significante potencial para o tratamento de doenças cardíacas, neurológicas e vasculares.

Embora as unidades de  SCU armazenadas em bancos privados são aproximadamente 6 vezes maior do que nos bancos públicos, os bancos públicos liberam em torno de 30 vezes mais unidades de SCU para terapia. Porém, o SCU armazenado em bancos privados pode ser um recurso terapêutico importante para as famílias no tratamento autólogo visto que o uso de SCU na medicina regenerativa tem se mostrado um campo com grandes possibilidades e altamente promissor.

Ballen KK, Verter F, Kurtzberg J

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