Células-tronco são nova esperança contra a esclerose múltipla

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Uma pesquisa conduzida por um grupo de médicos canadenses aponta para uma inovadora e importante possibilidade do uso de células-tronco: o tratamento da esclerose múltipla, doença neurológica incurável e com efeitos devastadores que atinge cerca de 2,3 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo aproximadamente 35 mil brasileiros.

Publicado recentemente no periódico científico The Lancet, o estudo foi realizado com 24 pacientes com esclerose agressiva e recidiva em duas etapas: primeiro eles passaram pelo processo de quimioterapia, para destruição do sistema imunológico que, em seguida, foi reconstruído com a transfusão de células-tronco da medula óssea. Todos os pacientes foram acompanhados por até 13 anos após o tratamento.

Dos submetidos à terapia, 70% tiveram a progressão da doença interrompida ou revertida e 40% apresentaram a reversão de sintomas graves, como a perda da visão e do equilíbrio. Apenas um paciente veio a óbito e outro precisou de tratamento intensivo devido a complicações hepáticas, mas, apesar dos riscos, para cerca de 5% dos portadores da forma grave e recidiva da doença a nova terapia talvez seja a única esperança.

De acordo com o jornal britânico The Telegraph, os resultados foram considerados “emocionantes” e “sem precedentes” por especialistas, pois trata-se do primeiro estudo a trazer esperança de cura para portadores da enfermidade em nível grave, que já não respondem aos atuais tratamentos disponíveis, além de ser o primeiro a conseguir parar e reverter a doença em longo prazo sem a necessidade de outros medicamentos.

“Nosso estudo é o primeiro a mostrar a supressão completa, em longo prazo, de toda a atividade inflamatória em pessoas com esclerose múltipla. Uma variação desse procedimento tem sido utilizada para tratar a leucemia há décadas, mas a sua utilização para doenças autoimunes é relativamente nova. No entanto, é importante notar que esta terapia pode ter riscos e efeitos colaterais graves e só seria apropriada para uma pequena porção de pessoas que têm esclerose múltipla severa”, apontou Harold Atkins, professor na Universidade de Ottawa, no Canadá, e um dos autores da pesquisa.

Como funciona

Inicialmente, o paciente é submetido a um curto ciclo de quimioterapia que estimula a produção de células-tronco hematopoiéticas – que regeneram o sistema imunológico – no sangue. Em seguida, essas células estaminais são recolhidas, purificadas de qualquer sinal da doença e congeladas para depois serem reinseridas no corpo da pessoa por meio de uma transfusão.

Antes disso, porém, o paciente precisa ser submetido a dez dias de quimioterapia para eliminar o sistema imunológico doente. Então, as células estaminais congeladas são descongeladas e transplantadas para o corpo da pessoa, de modo que elas possam originar um novo sistema imunológico livre da memória anterior de atacar o sistema nervoso central.

O problema é que, ao matar o sistema imunológico do paciente, o corpo não só fica livre da doença, mas também está mais vulnerável a infecções e precisa reaprender a se defender de bactérias e vírus. Jennifer Molson, uma das participantes do estudo, foi diagnosticada com esclerose múltipla em 1996, aos 21 anos. Apenas cinco anos depois, em 2001, ela vivia em um hospital sob cuidados 24 horas por dia, pois não conseguia fazer nada sozinha.

“Eu não tinha sensação do peito para baixo. Eu poderia tocar em alguma coisa fervendo no fogão e me queimar. Eu podia tocar em algum tecido sem saber se é uma lixa”, contou ao site de notícias americano Vox. Jennifer foi submetida ao novo tratamento em 2002 e dois anos depois ela já conseguiu entrar na igreja e dançar em seu casamento.

Atualmente, 15 anos após o procedimento, Jennifer trabalha como assistente de pesquisa no Hospital Ottawa, no Canadá e gosta de esquiar e andar de caiaque aos finais de semana. “Agora eu sou capaz de caminhar de forma independente, viver na minha própria casa e trabalhar em tempo integral. Eu também fui capaz de me casar, caminhar até o altar com meu pai e dançar com meu marido. Graças a esta pesquisa eu tive uma segunda chance na vida”, disse.

A doença

De causa desconhecida, a esclerose múltipla se manifesta de uma hora para outra, quando o sistema imunológico ataca a mielina, substância que protege as fibras nervosas do cérebro, da medula espinal e do nervo óptico. A cada surto, as lesões formam áreas de cicatrização, ou escleroses, que causam danos irreversíveis e podem deixar sequelas como cegueira, paralisia, lapso de memória e dificuldades na fala e na deglutição. Os medicamentos disponíveis atualmente para conter a moléstia não são 100% eficazes e podem proporcionar fortes efeitos adversos ao paciente.

Com informações do site da Revista Veja: http://veja.abril.com.br/saude/celulas-tronco-sao-nova-esperanca-contra-esclerose-multipla/.

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